sexta-feira, 13 de maio de 2011

O conserto do relógio

Terça feira passada fui ao centro. Achar um relojoeiro em Shopping é difícil. Mais difícil ainda é ir ao centro de carro. Não mesmo. Sempre pego meu ônibus e tranquilamente  vou olhando a paisagem e escutando os comentários dos usuários ao meu lado. Vão de briga com vizinhos à política. Agora os mais recentes comentários são sobre as redes sociais.

 Achei uma graça um senhor incentivando um imigrante japonês de seus 74 anos a usar as redes sociais. E por que nâo? Nós idosos não somos menos inteligentes que os jovens no manejo com a web. Eles só são mais jovens. O que faz a diferença é que eles não se incomodam em errar, têm mais tempo disponível para ficar on line - ou fazem esse tempo - e são muito curiosos. A curiosidade é uma ótima mestra. Achei ótima a aula sobre o Twitter, Facebook,  Blogs e os comentários sobre "estar atualizado". E o senhor idoso ficou super animado.

Mas voltemos à minha ida ao centro para levar um relógio de mamãe - uma senhorinha de 92 anos e 7 meses - ao conserto. Confesso que fui um pouco contrariada, pois num mundo onde quase tudo é descartável, conserto de relógio me pareceu um pouco antiquado. Mas "é relógio de marca, relógio bom, é um Technos", disse mamãe, dissolvendo todo meu desejo de fugir do trabalho incumbido.

Caminhando pela Praça Osório, entre o borburinho dos transeuntes e das pessoas sentadas nos bancos da praça, uma música ficou ao fundo me chamando a atenção. Era uma dessas músicas 'dor de cotovelo' para não falar outra coisa. Mas foi o refrão que me ficou gravado: "...ainda quero ver você chorar como eu chorei...ah...quero ver você chorar tudo que eu chorei...". Coisa de apaixonado. Vingança boba. O sofrimento do outro até pode trazer uns poucos momentos de satisfação para quem foi deixado ou traído. Mas somente isso. A vingança não é uma boa amiga. É ilusória. Faz mal e deixa marcas. Muitas relações terminam porque a comunicação foi falha. Porque não conversaram sobre coisas que ficaram mal explicadas, porque se fugiu de certos assuntos. É muito mais fácil "descartar" o outro. Trocar por outro.

 Ah...agora cheguei onde queria, pois, afinal, o que tem a ver conserto de relógio com 'dor de cotovelo'? Hoje quase tudo é descartável. Parece que não fazem mais nada para durar para sempre. Assim como os relógios. Mas o de mamãe não. Levei-o ao conserto e recebi-o de volta novinho em folha. Até polidinho, brilhante. E olha que deve ter com certeza mais de 22 anos, que é o tempo que mamãe mora comigo. Mamãe apostou no seu "Technos" e o recuperou. Porque não fazer o mesmo na relação? Aposte no seu homem, aposte na sua mulher. Não descarte seu companheiro, não descarte sua companheira. Lembre-se que foi você que o (a) escolheu e que ele (a) era 'novinho em folha'. O conserto do relógio de mamãe valeu a pena. Faça a sua parte agora. 

by Crisbalbueno








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