segunda-feira, 20 de junho de 2011

Criminalidade Jovem

A pergunta sempre fica - "O que faz um jovem da classe média-alta se envolver com roubos, furtos, assaltos ou  drogas?" Digo classe média-alta porque ao jovem pobre, miserável, sem teto, sem estudo, sem calor humano, não se levanta esse tipo de questão. É óbvio, é visível, o ambiente no qual ele está inserido diz tudo. É claro que não se justifica, mas fica-se pensando serem estes os motivos que o colocaram à margem da lei e da sociedade. Não se justifica porque para milhares desses jovens delinquentes da mais humilde e pobre das periferias, temos centenas deles que lutam para sobreviver dignamente e alcançam seu espaço na sociedade. Estudando ou não, mas trabalhando com aquilo que sabem e podem fazer. Seja empurrando um carrinho carregado de papelão ou o enchendo de ferro velho. Superam-se no que fazem. Temos visto na mídia reportagens sobre superação a todo instante. Pessoas que não precisaram entrar no vício e nem na infração. Chegaram próximo ao topo da pirâmide econômica e se tornaram multiplicadores de talentos.

 Com esse nosso outro jovem não! Nada disso nos convence. É algo muito mais profundo, menos óbvio, mais escondido dentro daquele que, querendo estar melhor, desconecta-se e nunca mais se encontra. Fica perdido dentro de si mesmo sem saber quem é. Sem objetivos reais, sem perspectivas, sem discernimento, sem poder de julgamento. Não é mais dono de si. Perdeu sua identidade. Aí volta a pergunta: "O que leva o jovem classe A, com família, estudo, saúde, conforto, tendo todas as oportunidades para usufruir de uma vida digna e honrada,  a transgressões sociais e à criminalidade?" Logo nos chega à mente: "O sistema familiar". Então a família é julgada, hostilizada, alvo de preconceitos, pais e familiares fogem da imprensa, da mídia, das entrevistas. O caos se instala.

Daí eu me pergunto: "Pode um pai e uma mãe em sã consciência, em sanidade mental, colocar um filho nessa dolorosa estatística de criminalidade jovem classe média-alta?" Penso que as famílias desses jovens delinquentes não possuem uma resposta para o comportamento de seus filhos. O que mais escuto - quando os pais, vencendo a barreira da vergolha e do medo, dizem - é que "...o filho sempre foi uma criança dificil...uma criança diferente...". Aí está latente o futuro transgressor! Dois polos e um único ponto de chegada. Não tem como escapar. Com um comportamento agressivo ou passivo, a linda criança vai crescendo sem que ninguém consiga impôr limites ou entender aquela sua aparente apatia. Surgem assim os transtornos de personalidade. Os comportamentos inadequados daquela criança, sua impulsividade, apatia ou hiperatividade, qualquer manifestação de uma conduta perturbada, deve ser o alvo das atenções dos pais enquanto ela é ainda pequenina. Esses sintomas são  um  pedido socorro.

Os comportamentos anti-sociais ocorrem já cedo na vida do jovem e dentro de um contexto familiar, devendo ser analisados com carinho. Essa criança 'difícil', 'diferente', precisa ser diagnosticada e tratada. Para isso existem os profissionais especializados na área da saúde - neurologistas, psiquiatras, psicoterapeutas. Não sei se faltam informações, se elas são insuficientes, ou se existe um mecanismo de negação que deixa esses pais paralisados na fase tão delicada da primeira e segunda infância. Talvez ambos. Em todo o caso é triste, lamentável e doloroso o que está acontecendo com os nossos jovens. É a  dor dos pais inconsoláveis com os danos que seus filhos causaram e também o sofrimento daqueles que foram vítimas da criminalidade jovem.  

by Crisbalbueno